O governo russo deliberou reconhecer as repúblicas separatistas do Donbass e declarou ter como objetivos em relação ao conjunto da Ucrânia: 1) liquidação da tentativa da organização militar imperialista OTAN de militarizar a Ucrânia, 2) liquidação da presença da OTAN na estrutura militar ucraniana, 3) a desnazificação da Ucrânia, 4) proteção das repúblicas separatistas diante dos ataques das milícias nazistas e das forças regulares da Ucrânia.
Para a consecução destes objetivos as forças armadas russas ocuparam toda a região de Donbass, onde ficam as Repúblicas de Donetsk e Lugansk e destruíram 74 alvos militares das forças armadas ucranianas. O governo russo lançou também uma ordem para respeitar os soldados ucranianos, que estão abandonando o combate em massa, com a consideração de estarem sendo obrigados a combater por um juramento ao seu País. As forças armadas russas lançaram também uma operação para esmagar as milícias nazistas que deram o golpe da praça Maidan em 2014, estabelecendo o atual regime, uma ditadura pró-imperialista contra o povo ucraniano.
Coincidimos plenamente com a declaração do governo chinês no sentido de que o governo do presidente Joe Biden e os EUA são os verdadeiros responsáveis pelo atual conflito no Leste da Europa, ao tentar fazer do povo da Ucrânia carne de canhão de seus planos expansionistas e imperialistas.
O que temos aqui não é uma guerra da Rússia contra a Ucrânia, o que está acontecendo é um conflito entre uma nação ameaçada e o imperialismo mundial, onde a nação ucraniana entrou infelizmente como instrumento do imperialismo.
Sobre a questão da existência de guerras justas, Gregory Zinoviev, o primeiro presidente da Internacional Comunista disse: “Sim (existem), mas apenas em dois casos. O primeiro caso seria o da guerra do proletariado que tenha triunfado em um país, e que defenda o socialismo contra outros Estados que representam o regime capitalista. O segundo – uma guerra da China, Índia ou países semelhantes que são oprimidos pelo imperialismo de outras terras e estão combatendo por sua independência contra estas potências imperialistas”.
As alegações de que a Rússia seria um país imperialista em pé de igualdade com os EUA, Europa e Japão são cômicas. O papel econômico da Federação Russa no mercado mundial não é mais do que o de um grande fornecedor de matérias primas brutas para os países imperialistas. A confusão se dá por que historicamente, a Rússia, desde o império russo, se constituiu num país armado em função das suas necessidades de defesa. Isso se manteve durante os anos da União Soviética e se mantém até hoje.
A classe operária mundial deve se colocar sempre, em conflitos do imperialismo com países oprimidos por este, de uma maneira clara e ativa ao lado destes últimos independentemente do caráter do regime político e do governo destes países. É uma farsa propagandística a ideia de que estamos diante de uma luta entre a democracia e autocratas, o que temos aqui é uma luta entre os povos e países oprimidos e o imperialismo. Esta é a verdadeira essência do conflito. Isto é o que vimos no caso do Iraque, no caso do Afeganistão, Panamá, Irã, Granada, Iugoslávia, Líbia, Síria, Iêmen, Líbano, Palestina e tantas outras aventuras militares do imperialismo e de governos controlados por ele.
Todas as lutas contra o imperialismo são lutas de libertação nacional. Todas as guerras contra o imperialismo ou países por eles controlados são guerras de libertação nacional. O imperialismo, que impõe uma ditadura mundial, não pode alegar atualmente que suas guerras sejam de caráter democrático ou defensivo. As guerras onde o imperialismo está envolvido são todas guerras coloniais.
Repudiamos de maneira veemente a conduta do governo brasileiro que se posicionou, como sempre tem feito, como um governo lambe-botas do imperialismo mundial.
A maioria da esquerda pequeno-burguesa brasileira apoiou o golpe na Ucrânia a pretexto de que seria uma revolução popular, mesmo sabendo que as milícias nazistas eram a linha de frente deste golpe, agredindo a classe operária ucraniana. Agora procura se esconder atrás de uma impossível neutralidade, que mal disfarça que vai passivamente a reboque do imperialismo. A ideia absurda de que o imperialismo defenderia as mulheres, negros e outros oprimidos é a via pela qual esta esquerda se transformou numa correia de transmissão do imperialismo dentro do seu próprio país.
Reivindicamos:
a retirada das tropas da OTAN de toda a Europa;
desmantelamento das bases americanas em todos os países;
fim dos acordos de submissão militar do Brasil ao imperialismo;
restituição imediata da Base de Alcântara ao Estado nacional brasileiro;
fim dos embargos imperialistas genocidas contra todos os países;
defesa de Cuba, Nicarágua e Venezuela diante da agressão imperialista;
que o Brasil reconheça imediatamente as Repúblicas Populares de Lugansk e Donetsk;
Fora Bolsonaro, governo capacho do imperialismo. Fora a infiltração imperialista no Brasil como vista tanto na operação Lava Jato quanto no financiamento da atividade golpista, por órgãos como a Fundação Ford, a Fundação Open Society, o National Endowment For Democracy (NED) e think thanks como a Global Americans, etc.
Comissão Executiva do Comitê Central Nacional do Partido da Causa Operária
24 de fevereiro de 2022