Procurar
Close this search box.

O que é o marxismo

O marxismo é a doutrina política da classe operária e surge, no século XIX, em meio às Revoluções de 1848 na Europa, quando a classe operária começava a se organizar como uma força política independente. Essa ideologia revolucionária, sistematizada por Karl Marx e Friedrich Engels, propõe-se a ser não apenas uma interpretação verdadeiramente científica do mundo, mas uma ferramenta para transformá-lo.

O desenvolvimento político da classe operária

O período que vai de 1848 até a fundação da Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT) marca uma fase crucial no desenvolvimento político da classe operária. Nessa conjuntura, a classe trabalhadora emergia como uma força política independente, impulsionada pelas transformações sociais e econômicas da Revolução Industrial.

As Revoluções de 1848, que abalaram a Europa, representaram um momento de efervescência política e social. A classe operária já se organizava para reivindicar seus direitos diante das injustiças e condições desumanas impostas pela ascensão do capitalismo industrial. Mas as Revoluções de 1848, quando a burguesia consolidou sua transferência de uma classe revolucionária para uma classe reacionária, serviram para tornar a classe operária uma classe politicamente independente, desvencilhando-se da burguesia, algo que foi conquistado com o trabalho de Marx e Engels na Liga dos Comunistas.

Um marco importante nesse processo foi a elaboração do Manifesto Comunista, em 1848. O documento apresentou uma análise contundente da sociedade capitalista da época, expondo suas contradições e apontando a luta de classes como motor da história. O Manifesto foi o primeiro programa da classe operária como força política independente.

Como resultado do desenvolvimento da luta operária, em 1864, foi fundada a Associação Internacional dos Trabalhadores, também conhecida como Primeira Internacional. A AIT foi um marco histórico na organização da classe trabalhadora em escala internacional. Reunindo trabalhadores de diversos países, a associação tinha como objetivo principal a solidariedade entre os trabalhadores de diferentes nações e a luta por seus interesses comuns.

A Primeira Internacional desempenhou um papel fundamental na articulação de demandas trabalhistas e na disseminação das ideias socialistas. Entre suas conquistas estão a defesa da jornada de trabalho de oito horas, a luta pelo sufrágio universal, as greves contra as condições desumanas de trabalho, entre outros. Porém, sua principal vitória foi a organização da classe operária em um partido político internacional.

A luta política da classe operária entra em um novo estágio em 1889, com a fundação da Segunda Internacional. Ela foi fundada em Paris, como uma continuação do movimento iniciado pela Primeira Internacional. Sob a influência do marxismo, a Segunda Internacional adotou resoluções e programas que refletiam os princípios do socialismo científico e permitiu o desenvolvimento de partidos operários como nunca antes na história. 

A organização, porém, foi tomada por elementos oportunistas, parte da aristocracia operária que conseguiu benefícios nos países imperialistas, e adotou uma política contra-revolucionária, primeiro esboçada por Eduard Bernstein, do principal partido da época, o Partido Social-Democrata Alemão. A organização entrou em uma crise terminal com a eclosão da Primeira Guerra Mundial em 1914, uma guerra imperialista na qual os líderes da Internacional adotaram posições em defesa de seus respectivos governos imperialistas na guerra, indo contra os princípios internacionalistas e revolucionários da classe operária. Isso levou a uma divisão no movimento socialista e, nessa conjuntura, ocorre a Revolução Russa de 1917: a consolidação da política marxista na prática, o primeiro Estado operário da história.

Liderada pelos bolcheviques, sob a direção de Vladimir Lênin e Leon Trótski, a Revolução Russa inspirou trabalhadores e socialistas em todo o mundo, demonstrando que era possível tomar o poder e estabelecer a ditadura do proletariado e uma sociedade baseada na propriedade coletiva dos meios de produção.

Uma doutrina científica

O ápice teórico do marxismo é a obra O Capital, que surge em 1867, durante as intensas mobilizações promovidas pela I Internacional. A obra monumental de Marx desvenda as engrenagens do sistema capitalista, revelando suas contradições internas e seu caráter exploratório — e explica o modo de produção capitalista de um ponto de vista científico. O marxismo, portanto, não é apenas uma visão crítica da sociedade, mas uma análise científica que busca entender as leis que regem o desenvolvimento humano sob o modo de produção capitalista.

No cerne do marxismo está o materialismo histórico, a compreensão da história como o movimento permanente promovido pela luta de classes e pelas relações de produção. Ao contrário das concepções idealistas, que atribuem primazia às ideias ou à vontade de indivíduos, o materialismo histórico aponta para as condições materiais como determinantes das formas sociais e das ideias que nelas surgem.

Assim, o materialismo histórico comprova que o proletariado é o elemento de progresso na sociedade capitalista, assim como a burguesia o foi em determinado momento. Isso porque, atualmente, é ela quem cria riqueza e sustenta o funcionamento do sistema capitalista, no qual os capitalistas se tornam uma classe parasitária que apenas impede o desenvolvimento das forças produtivas.

Portanto, ao se organizar e lutar por seus direitos, o proletariado não apenas busca melhorias imediatas, mas também se insere no fluxo histórico de transformação social. Por isso, o comunismo é inevitável, sendo parte do desenvolvimento natural das contradições no modo de produção capitalista.

Ao realizar a revolução, o proletariado estabelece sua ditadura de classe contra os capitalistas, que serão expropriados. A ditadura do proletariado é o período de transição entre a sociedade capitalista e a sociedade comunista, uma sociedade sem Estado e sem dinheiro. Neste estágio, a classe trabalhadora assume o controle do Estado para reorganizar a produção de acordo com interesses coletivos e abolir as desigualdades sociais, e também para aniquilar a burguesia como classe social.

A utilidade do marxismo

Sendo um instrumento científico de compreensão da sociedade, o estudo do marxismo nos permite abordar um rico campo de análise que vai além das questões econômicas. Ele nos oferece uma compreensão profunda das relações sociais, da cultura, da política e da história como um todo.

O marxismo, como única ciência social, também nos ensina a enxergar a sociedade como um conjunto de relações sociais em constante transformação. É a partir dessa compreensão dialética que podemos analisar os fenômenos sociais, compreendendo suas contradições e apontando caminhos objetivos.

Nesse sentido, a obra de Karl Marx e Friedrich Engels não é apenas um conjunto de ideias abstratas, mas uma ferramenta para a ação política. O Partido da Causa Operária (PCO) entende o marxismo não como uma doutrina dogmática, mas como um guia para a transformação revolucionária da sociedade. É através da luta de classes, da organização dos trabalhadores e da conscientização das massas que podemos avançar em direção a uma sociedade socialista, onde a liberdade e a igualdade sejam os pilares fundamentais.

Portanto, para o Partido da Causa Operária, o marxismo não é apenas uma teoria, mas uma bússola para a ação política. É a luz que guia nossa luta pela transformação radical da sociedade, pela conquista de direitos e pela construção de um mundo onde a justiça social seja uma realidade para todos, sem a exploração do homem pelo homem.