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1º de Maio: por uma mobilização revolucionária para tornar Lula presidente

Por um governo dos trabalhadores

O dia internacional dos trabalhadores sempre foi uma das mais importantes datas da luta da classe operária contra seus inimigos. É o dia de parar tudo, como em uma greve geral internacionalista, para levantar todas as reivindicações relacionadas às condições de vida do povo trabalhador.

Nesse sentido, o Primeiro de Maio está muito distante de ser um dia de “atos simbólicos” ou de cerimônias quaisquer. Embora concebido como uma homenagem aos mártires de Chicago, assassinados na luta pela redução da jornada de trabalho, o Primeiro de Maio é uma data do presente: é um dia de mobilização pelo socialismo, pelo enfrentamento dos trabalhadores, nos dias de hoje, contra os seus patrões.

O Primeiro de Maio deste ano acontece, no Brasil, num momento decisivo. O País vive as consequências nefastas de seis anos de golpe de Estado — privatizações, fome, desemprego, inflação etc. —, o que por si só já seria o pretexto para uma grande mobilização. Cenas de pessoas revirando o lixo atrás de comida são cada vez mais comuns, bem como as de famílias inteiras indo morar na rua, enquanto o patrimônio nacional vai sendo entregue para os vampiros do mercado financeiro. A situação social do País ruma ao colapso.

Ir às ruas e levantar bandeiras como a da redução da jornada de trabalho, o salário mínimo vital — que hoje já deveria ter o valor de R$6.500 —, o direito irrestrito à greve e o combate às privatizações e ao desemprego são uma questão de sobrevivência para os trabalhadores. Sem um programa classista, que tire o ônus da crise econômica dos ombros da classe operária e jogue para os capitalistas, a piora das condições de vida será inevitável.

Mas a situação cada vez mais degradante do povo brasileiro não é o único elemento da situação política. Enquanto a direita, empurrada pela crise econômica de 2008, vem atacando cada vez mais os trabalhadores — em especial os trabalhadores dos países atrasados, como o Brasil —, vai-se estabelecendo uma polarização política cada vez maior. Isto é, ao mesmo tempo em que a burguesia vem se organizando para roubar e reprimir cada vez mais o povo, os trabalhadores, em reação, têm se esclarecido cada vez mais sobre quem são os seus inimigos e procurado se organizar para barrar a ofensiva golpista.

De 2015, quando as intenções da burguesia de derrubar o governo do PT se tornaram mais explícitas, até os dias de hoje, os trabalhadores já saíram inúmeras vezes às ruas, mostrando um enorme potencial de derrotar a burguesia na marra. Esse movimento de luta contra o golpe, cada vez mais descrente das instituições golpistas e cada vez mais confiante nas próprias forças, continua até hoje e se expressa, neste momento, em duas questões fundamentais: as mobilizações classistas e o apoio à candidatura de Lula.

Quanto às mobilizações, merece destaque a greve da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), onde se concentra um dos mais importantes setores da classe operária brasileira, protagonista de importantes lutas na década de 1980. A greve, que se deu após a demissão de trabalhadores ligados diretamente à atividade sindical, mostrou a enorme tendência à mobilização da classe operária. Outras mobilizações importantes, como a dos professores em todo o País e a dos garis do Rio de Janeiro apontam para um clima de insatisfação generalizada causada pela política econômica dos governos golpistas. Com a alta na inflação e nos preços dos combustíveis, essa tendência à mobilização deve se desenvolver ainda mais.

O apoio dos trabalhadores à candidatura de Lula, por sua vez, é uma forma ainda mais elevada dessas lutas. A disposição ampla em fazer campanha para o ex-presidente é a forma que os trabalhadores encontraram de lutar, no atacado, contra todos os ataques do governo Bolsonaro e da direita golpista. Ao defender a candidatura de Lula, os trabalhadores estão defendendo uma candidatura que tenha força real, ancorada no movimento operário, para impor um programa que liquide o regime golpista. O apoio à candidatura de Lula é a forma que os trabalhadores encontraram para exigir, de uma só vez, a reestatização da Petrobras, a redução da jornada de trabalho, a implementação de programas sociais emergenciais e tudo aquilo que a direita vem destruindo.

O apoio das massas a Lula não é uma mera escolha de um “salvador da pátria”. É parte de um movimento real, uma rebelião internacional contra a dominação do imperialismo. Lula representa, para os trabalhadores, uma ferramenta, uma arma indispensável na luta contra a ofensiva da direita, em um momento em que o mundo inteiro se encontra cada vez mais polarizado entre dois blocos: os países imperialistas e seus aliados e os países rebeldes. A candidatura de Lula representa, no Brasil, além do combate ao programa econômico do regime golpista, o enfrentamento aos grandes monopólios, que querem transformar o País em um quintal dos Estados Unidos.

Por isso, ao mesmo tempo em que a candidatura de Lula representa uma tendência à reversão do golpe de Estado, é também parte do mesmo movimento visto no Afeganistão, que expulsou as tropas norte-americanas de lá, da Nicarágua, de Cuba e da Venezuela, que desafiaram as tentativas de desestabilização por parte do imperialismo, e na Ucrânia, onde o governo de Vladimir Putin está enfrentando as tropas da OTAN e mostrando a todos os oprimidos que é possível vencer os donos do mundo.

É hora, portanto, de apontar essa mesma perspectiva para o Brasil. A decisão de organizar os atos de primeiro de maio em locais distantes do centro, sem mesmo convocar as bases sindicais nas assembleias das categorias, deve ser denunciado como um erro que está na contramão do caminho da mobilização. Assim como deve ser denunciada a participação dos direitistas que colaboraram com o golpe de Estado e dos pelegos, inimigos da mobilização.

Os trabalhadores, unidos, são capazes de derrotar Bolsonaro e eleger Lula Presidente. Afinal, se os russos estão conseguindo derrotar a OTAN, por que os brasileiros não podem? Se o Talibã conseguiu expulsar os norte-americanos, por que não poderemos fazer o mesmo?

Para que isso aconteça, no entanto, é preciso seguir o caminho apontado pelos companheiros russos e afegãos. É preciso enfrentar a burguesia e as suas instituições. E para isso, para impor uma derrota, seja nas urnas, no parlamento ou STF, é preciso uma verdadeira mobilização revolucionária: é preciso organizar os trabalhadores, de maneira totalmente independente da burguesia, para que lute até as últimas consequências pelos seus interesses. A política de alianças com a direita golpista, como vem acontecendo, vai justamente contra essa necessidade de mobilização. Aliança com a escória da política nacional, como Geraldo Alckmin e Paulinho da Força, jogam contra a mobilização e, portanto, contra a própria vitória de Lula nas eleições.

É preciso, desde já, organizar o povo nas ruas, com suas reivindicações, para derrotar a burguesia e os golpistas, nas ruas, na força, por um governo dos trabalhadores da cidade e do campo.