Chegou à atenção do Partido da Causa Operária (PCO), um depoimento de uma integrante de vossa organização, Maynara Nafe, onde ela liga o nosso partido a uma conduta antissemita.
A declaração foi dada num programa do blog DCM, propriedade de um empresário desprovido de história na esquerda e que abriga colaboradores impenitentes da lavajatista Joyce Hasselman, apenas este fato já é um desserviço à causa palestina. O empresário, com passagem pela Editora Abril (dona da Revista Veja), acusa o PCO de ser um infiltrado nas manifestações em defesa da Palestina por portar bandeiras do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), uma organização armada.
Acusam-nos também de portar bandeiras ligando a Estrela de David à cruz suástica, mostrando-as como iguais, o que simplesmente não fizemos, apenas divulgamos, afinal concordamos. Sob a desculpa de atacar o PCO, atacam a expressão espontânea dos próprios manifestantes.
A integrante da Fepal então começa uma divagação sobre o antissemitismo que representaria a ação do PCO, de defender o Hamas e a divulgação que fizemos de manifestantes independentes.
O PCO repudia categoricamente as ações desta integrante de vossa organização. Uma defensora da causa palestina deveria saber que acusar o Hamas, seus defensores e manifestantes pró-palestina de serem antissemitas é uma calúnia e é exatamente o que fazem os sionistas, trata-se de um valoroso serviço aos genocidas.
Vemo-nos na função de desmentir as calúnias feitas contra o Hamas e, por consequência, à nossa própria organização e aos manifestantes do movimento pró-palestina. O Hamas não é uma organização antissemita, em seu manifesto de 2017, o movimento apresenta a seguinte formulação: “Hamas afirma que seu conflito é com o projeto sionista e não com os judeus por conta da sua religião. Hamas não estabelece uma luta contra os judeus porque eles são judeus, mas estabelece uma luta contra os sionistas que ocupam a Palestina”.
Pode-se discordar da ideologia do Hamas, mas caluniar pessoas que estão na linha de frente da resistência armada, dando suas vidas, lutando bravamente para proteger o povo da Palestina é algo simplesmente imoral, politicamente execrável. Os grupos armados são verdadeiros heróis do povo palestino, merecem ser tratados como tal.
Somos obrigados, também, a esclarecer um fato importante, e ademais óbvio: o Hexagrama (batizado pelos sionistas de Estrela de David) não é um símbolo sinônimo com a religião judaica, tendo, inclusive, sido utilizado por outras religiões quase dois milênios atrás. O símbolo foi, contudo, escolhido pelo Congresso Sionista de 1897 (justamente para ser bandeira da política de roubo massivo de terras e genocídio), infelizmente tornando-o um símbolo tão horrendo quanto a cruz suástica. Muitos judeus, principalmente os ortodoxos, já colocaram fogo neste símbolo e na bandeira de Israel, renegando-os como símbolos da sua religião e exigindo que as agressões nazi-fascistas contra os palestinos sejam feitas em nome próprio e não em nome do povo judeu e sua religião.
Como muito bem disse o Hamas, nossa luta é contra o sionismo e é o sionismo que cinicamente tenta se transformar em sinônimo de judaísmo. Aceitar isso é uma capitulação diante da pressão dos sionistas-genocidas.
O Partido não trata estes ataques como uma opinião geral de vossa organização, a qual consideramos uma aliada nessa luta e com a qual mantivemos até agora uma relação cordial. Esperamos estar corretos nesta presunção e esperamos manter a mesma boa relação. Entendemos ainda que o movimento em defesa da Palestina deveria ser uma frente única dos mais diversos setores, com as mais diversas crenças e políticas, não cabendo a censura e a tentativa de banir determinadas formas de defesa da Palestina.
São Paulo, 16 de Novembro de 2023
Comissão Executiva do Comitê Central Nacional do PCO