Nesta segunda-feira (18), milhares de pessoas se reuniram na Cinelândia, Rio de Janeiro, para se manifestar contra o genocídio perpetrado por “Israel” na Palestina e contra a presença dos principais apoiadores e financiadores desta matança em território brasileiro.
O ato ocorreu ao mesmo tempo em que pessoas como Joe Biden, presidente dos EUA; Emmanuel Macron, presidente da França; e Olaf Scholz, chanceler da Alemanha, estavam se reunindo na abertura da 19ª Cúpula do G20, no Museu de Arte Moderna (MAM).
A manifestação, convocada pelos Comitês de Luta em parceria com centenas de outras organizações e dirigentes, contou com a participação de representantes do Partido da Causa Operária (PCO), do Instituto Brasil-Palestina (Ibraspal), da Frente Nacional de Luta (FNL), Liga dos Camponeses Pobres (LCP), do Movimento Estudantil Popular Revolucionário (MEPR), a Liga Anti-Imperialistas Internacionalista, da Frente Internacionalista dos Sem-Teto (FIST), da Unidade Popular (UP), do PCBR, e muitas outras.
Dezenas de caravanas vieram à manifestação, trazendo militantes e ativistas de todas as regiões do País. Além disso, várias personalidades também estiveram presentes, como André Constantine e Rafael Machado.
A polícia do Rio de Janeiro montou um esquema duro de repressão, cercando toda a praça horas antes da manifestação, liberando apenas uma pequena abertura para circulação e impedindo a entrada de um caminhão de som e de outras estruturas. Não só isso, mas mesmo durante a montagem das estruturas, transeuntes eram proibidos de passar, mesmo que estivessem apenas indo para o trabalho.
As estações de metrô Uruguaiana, Carioca, Cinelândia, Glória e Catete ficaram fechadas das 9h até às 19h, dificultando a vinda ao ato. O VLT, bonde moderno da cidade, estava previsto para passar na região no máximo de uma em uma hora, mas a polícia também colocou grades nos trilhos e o trem não foi visto nenhuma vez até o fim da manifestação. O aparato se manteve por horas mesmo após o fim do ato.
Além disso, todo tipo de aparelho de som também foi banido da manifestação. A PM informou que poderia, inclusive, invadir o ato e confiscar esse tipo de aparelho caso fosse utilizado. Ademais, uma fonte anônima da polícia afirmou ao Diário Causa Operária que as ordens relativas a essas proibições vieram de cima, da Polícia Federal. Por conta dessa proibição, todas as falas foram feitas em “jogral”, que é quando os manifestantes repetem o que o orador diz para que todos possam ouvi-lo.
Foi informado também que não poderia ser utilizado nenhum tipo de estrutura, fazendo com que fosse impedido a montagem de um palco, que seria utilizado para facilitar o jogral.
A Polícia Militar deteve por um breve momento um manifestante que usava um kufyia no rosto. A PM afastou o ativista e pediu sua identidade. Ao Diário Causa Operária, o ativista, que não quis se identificar, relatou: “Pode ser preconceito. A polícia me viu coberto com meu kufyia, me conduziu para longe da manifestação e pediu minha identidade”.
A organização judaica Neturei Karta, composta por judeus ortodoxos que seguem a Torá e são antissionistas, também marcou presença na manifestação.
Rabino Israel, que veio diretamente dos Estados Unidos, discursou durante a manifestação. “Eu vim ao G20, no Rio, no Brasil, com meu colega da Palestina, para declarar aos líderes do G20, que a eles foram dadas uma grande posição por Deus. Lembrem-se, sua posição foi dada por Deus: não de suas posições. Não sejam intimidados pelo entidade criminoso do Estado sionista de ‘Israel’.”
“O judaísmo é uma religião de três mil anos, para servir e ser subserviente a Deus. Sionismo é nacionalismo de apenas 140 anos. Judaísmo é de Deus e o sionismo é satânico. Todos os rabinos, universalmente, disseram: ‘não sejam sionistas’. Desde a destruição do Templo dois mil anos atrás, nós estamos proibidos de ter um centímetro de qualquer soberania judaica, mesmo que o povo palestino ou a ONU nos dê, nós não queremos”, continuou.
O presidente do Partido da Causa Operária, Rui Costa Pimenta, também discursou na manifestação:
“Queria começar minha intervenção nesse ato lembrando quatro pessoas fundamentais na luta que está se travando nesse momento na Palestina: o general Soleimani do Irã, os ex-presidentes do Birô Político do Hamas Ismail Hanié e Iahia Sinuar, que organizou a ação do dia 7 de outubro de 2023, e o líder do Hesbolá, Hassan Nasseralá. Esses quatro homens são os arquitetos da luta hoje do povo palestino. O Irã, o Hamas, o Hesbolá e o Ansar Alá do Iêmen são o eixo da resistência que conseguiu colocar o exército sionista, armado até os dentes, que recebeu 21 bilhões de dólares, conseguiu frear a ofensiva desse exército. Isso mostra que o fim do Estado de ‘Israel’ está próximo”.
O presidente do PCO ainda denunciou que os organizadores do chamado “G20 social” organizaram para que as pessoas que foram para a atividade não ficassem para a manifestação dessa segunda-feira, 18, sendo que a maioria dos manifestantes queria permanecer.
Rui saudou a presença de todas as organizações que compareceram, apesar das “diferentes posições políticas e ideológicas, mas tem uma posição em comum, que é uma defesa genuína da luta do povo palestino, não em geral, mas da resistência palestina, liderada pelo Hamas”.
O presidente do Instituto Brasil-Palestina (Ibraspal), Ahmed Shehada, discursou na manifestação:
“Enquanto estamos aqui, ‘Israel’ continua matando. Dezenas de palestinos e dezenas de crianças mortos hoje. Milhares de crianças no norte de Gaza há dias sem comida e sem água, hospitais sem remédios, prisioneiros torturados e assassinados. E esses patrocinadores dos criminosos estão aqui no Rio de Janeiro e não querem nos ouvir, nem discutir sobre o genocídio. E deram ordem para atrapalhar a entrada do carro de som aqui, por isso temos que gritar, e têm que ouvir nossa voz”, declarou.
Confira, abaixo, algumas fotos da manifestação: