Uma Breve História do PCO
O Partido da Causa Operária (PCO) é um partido político brasileiro de extrema-esquerda. Suas cores são o vermelho e o amarelo e seu número eleitoral é o 29. Foi fundado em 1995 por dissidentes da Causa Operária (CO) filiados ao Partido dos Trabalhadores (PT), e seu presidente é desde então o jornalista Rui Costa Pimenta. No movimento sindical milita na Central Única dos Trabalhadores (CUT). No seu símbolo constam três heráldicas socialistas: a foice e o martelo, que representam a classe trabalhadora (o trabalho agrícola e o trabalho industrial, respectivamente), e a engrenagem. O partido possui um jornal diário digital (Diário Causa Operária), um jornal Impresso semanal (Jornal Causa Operária) e um canal no YouTube (Causa Operária TV).
Fundação do Partido
O Partido da Causa Operária surgiu como um agrupamento de militantes trotskistas rompidos com a Organização Socialista Internacionalista no final de 1978. Naquele momento assumiu o nome de Tendência Trotskista do Brasil (TTB). Em junho de 1979 foi publicado o primeiro número do jornal Causa Operária. Em janeiro de 1980 foi realizado o Congresso de Fundação da Organização IV Internacional. Esta ruptura foi parte de um processo de crise no movimento trotskista internacional, com a cisão entre diversos partidos latino-americanos como Política Obrera (Argentina) e o Partido Obrero Revolucionario (Bolívia) com a organização francesa Organisation Communiste Internacionaliste (OCI) pelo seu abandono das mais elementares premissas do programa marxista. A organização francesa passou a defender, para a América Latina o abandono dos sindicatos oficiais, considerados como “sindicatos burgueses” e uma política sectária e ultimatista em geral. A tentativa de impor esta política por meios administrativos levou à ruptura.
A nova organização destacou-se desde os seus primeiros passos nas greves operárias do ABC onde se colocou como oposição revolucionária à política da burocracia lulista, denunciando a capitulação na greve de 89.
Em 1979 foi fundada a Causa Operária (CO), uma organização de esquerda marxista, de orientação trotskista, atuante no Brasil entre os anos 1980 e 1990, dando origem posteriormente ao Partido da Causa Operária (PCO). Surgiu a partir de dissidência da então clandestina Organização Socialista Internacionalista (OSI), ligada ao dirigente trotskista francês Pierre Lambert, com o nome de Tendência Trotskista do Brasil, como uma organização de esquerda marxista, de orientação trotskista. O motivo da separação envolve leituras divergentes em relação à situação argentina no âmbito da IV Internacional liderada pelo francês Pierre Lambert, em que se referenciava a OSI. Inicialmente denominada Organização Quarta Internacional, posteriormente o grupo passou a ser reconhecido pela denominação de seu jornal porta-voz (então mensal), Causa Operária, publicado desde junho de 1979.
Expulsão do PT e fundação do PCO
Em 1992, após sua expulsão do PT, a CO integrou-se à Frente Revolucionária, composta principalmente pela Convergência Socialista, e que resultou na fundação do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU). Vetada na Frente antes da formação do PSTU, os militantes da corrente Causa Operária reorganizaram-se como partido político legal a partir de 1995, mudando seu nome para Partido da Causa Operária para marcar a continuidade organizativa, política e ideológica. O PCO obteve seu registro definitivo em 30 de novembro de 1997, tendo o número 29 como código eleitoral.
O PCO e as Eleições
O PCO começou a participar das eleições em 1996, quando lançou alguns candidatos às eleições municipais. Nas eleições de 1998, o partido lançou candidatos a governos estaduais e senadores em São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Distrito Federal, Paraíba e Rio Grande do Sul.
Em 2002, o PCO lançou Rui Costa Pimenta como candidato à Presidência da República, tendo obtido 38.619 votos (0,05%).
Em 2004, no município amazonense de Benjamin Constant, o PCO elegeu seu primeiro e único vereador no país até hoje: João Vieira da Silva recebeu 635 votos e compôs uma coligação com PSC, PPS e PRP.
Em 2006, foi novamente candidato, mas o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) indeferiu o pedido de registro da candidatura alegando erro na prestação de contas relativa à campanha presidencial das eleições de 2002. Em protesto, o partido começou a usar sua parcela do horário político para protestar contra o TSE e incentivar a população a fazer o mesmo. O partido alegava que a ação do TSE foi uma “aberração jurídica”, pois o TSE se utilizou de uma deliberação de 2004, com efeito retroativo sobre o atraso da prestação de contas de 2002. O protesto do PCO foi tirado do ar pois, segundo o TSE, houve um “desvirtuamento do programa veiculado pela agremiação, veiculando-se conteúdo aparentemente ofensivo e dissociado dos fins da propaganda eleitoral gratuita”.
Em 2010, foi candidato pela segunda vez, tendo obtido 12.206 votos (0,01%).
Nas eleições municipais de 2012, o PCO participou apenas em 6 cidades em todo o país. Em Belo Horizonte, João Pessoa, Rio de Janeiro e São Paulo, o partido teve candidatos a prefeito e vice-prefeito. Em Teresina, junto somente com o PCB, formou a frente Esquerda Revolucionária, tendo uma candidatura para o cargo de vice-prefeito. O partido sempre teve como princípio não realizar coligações.
Em 2014, concorreu novamente, obtendo 12.324 votos (0,01%). Nessas eleições, Rui deu entrevistas à Rede Globo, ao site Congresso em Foco e à Rádio CBN. Na Rede Globo, quando perguntado sobre suas aspirações nas eleições, o candidato afirmou que concorre em condições desiguais e que: “Concorro sem a menor ilusão. Não acreditamos que o sistema eleitoral nos permita ganhar”, e completou: “o objetivo da candidatura é cumprir o papel de debater o programa político do partido”.
Em 2018, o partido decidiu apoiar de maneira crítica a candidatura do presidenciável do PT, Luíz Inácio Lula da Silva. O partido, no entanto, recusou entrar na coligação por diferenças programáticas.
Em 2022, o partido decidiu apoiar novamente o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, por entender que sua eleição pode alavancar a luta de classes e criar melhores condições para uma revolução no país.
Manifesto do Partido da Causa Operária aos trabalhadores e à juventude
O Partido da Causa Operária – PCO – nasce para organizar os trabalhadores da cidade e do campo. O PCO chama todos os explorados a ingressarem em suas fileiras e proclama como seu objetivo defender os interesses e as reivindicações dos mais diversos setores da maioria nacional oprimida e impulsionar seu combate, com total independência dos exploradores.
O PCO se define como um partido operário porque inscreve em seu programa que a satisfação das aspirações mais elementares do conjunto da população explorada é impossível nos marcos da sociedade capitalista e do Estado burguês, ou seja, proclama a inevitabilidade da abolição da propriedade privada capitalista.
A estes objetivos históricos, que são os objetivos do proletariado, o PCO incorpora as reivindicações parciais e transitórias que, no atual regime, contrapõem os interesses do pequeno proprietário ao grande monopólio, o trabalhador autônomo às grandes corporações industriais e comerciais. O PCO chama todos os explorados a assumirem a estratégia e o programa da transformação socialista da sociedade.
Entre os trabalhadores e demais explorados o PCO pretende discutir as características e os princípios de seu programa e de sua atividade. O nacionalismo burguês já demonstrou sua incapacidade para arrancar o país do atraso e da miséria que não param de crescer. Não foi capaz de realizar a revolução agrária e promover a unidade e a independência nacional. A burguesia nacional é uma classe historicamente caduca, definitivamente incapaz de levar a cabo as tarefas democráticas da nação oprimida. Por isso o PCO opõe-se a qualquer tentativa de subordinar as reivindicações das massas à direção do nacionalismo burguês ou pequeno-burguês.
Contra esta perspectiva o PCO propõe a unidade das organizações operárias, camponesas, da juventude e de todos os explorados em uma frente única que realize as aspirações vitais dos explorados e o seu governo próprio, o governo das organizações dos explorados da cidade e do campo. O método de luta fundamental dos trabalhadores é a sua mobilização de massas. Com base nisso, a intervenção parlamentar do PCO deve subordinar-se totalmente às necessidades do movimento próprio dos trabalhadores.
Os interesses dos trabalhadores de todos os países são os mesmos. A emancipação da classe operária é, portanto, uma tarefa histórica na qual estão igualmente interessados os operários de todo o mundo. Não fazem parte deste proletariado mundial, no entanto, nem a aristocracia operária dos países imperialistas, nem a burocracia dos países que ontem e hoje se autodenominaram de “comunistas”. Uns e outros passaram à defesa dos interesses do grande capital mundial, o imperialismo, contra os interesses dos operários e dos povos oprimidos.
Para o PCO os interesses do proletariado brasileiro coincidem com os do proletariado mundial tomado em seu conjunto. Nos solidarizamos e apoiamos as lutas dos explorados e de suas organizações independentes da burguesia em todo o mundo.
O Partido da Causa Operária, portanto, não luta por novos privilégios de classe, mas sim em prol do bem comum, pela supressão da dominação de classes.
Em função destas ideias combaterá não somente a exploração e a opressão dos trabalhadores assalariados, mas todo tipo de opressão e exploração, esteja dirigida contra uma classe, um partido, um sexo, uma raça ou uma nação.