O Brasil é um dos únicos países no mundo no qual as eleições são feitas por meio de urnas eletrônicas. Trata-se de um modelo imposto pela burguesia para fazer com que o pleito permaneça sendo um jogo de cartas marcadas. Nesse sentido, é algo que torna o regime político ainda mais antidemocrático, retirando do povo o poder de escolher seus representantes.
Apesar de haver muita polêmica em torno desse problema, a rejeição às urnas eletrônicas é uma posição tradicional da esquerda, abandonada completamente nos últimos anos. Leonel Brizola, por exemplo, nas eleições de 2000, denunciou que, com as urnas eletrônicas, “perdemos o direito à recontagem”.
Esse é um dos principais problemas desse sistema de votação: com as urnas eletrônicas, não é possível auditar o voto de maneira independente, ou seja, podendo haver uma confirmação do resultado por meio de duas fontes diferentes que seriam comparadas uma com a outra – como é o caso, por exemplo, do voto impresso auditável.
Fato é que, tratando-se de uma democracia burguesa, as eleições sempre serão manipuladas em prol da burguesia. Com as urnas eletrônicas, a denúncia dessa manipulação, entretanto, é muito mais difícil, senão impossível. Pois tudo acontece de maneira digital, sem a necessidade de uma intervenção física tão direta.
Por fim, pela complexidade das urnas eletrônicas, é muito mais difícil explicar à população como funciona o sistema eleitoral, algo que também facilita a manipulação por parte da burguesia, sendo necessário um técnico para vistoriar qualquer parte do processo.